quarta-feira, janeiro 24, 2007

Foral de Évora 2003

Saí de casa quase atrasado para um jantar e nem esqueci-me do vinho em casa. Zás! Apanhei a mercearia frente a casa aberta e nem hesitei... eu que não me atrasado estava no limite e gosto de manter a reputação. Do que vi quase não gostei, mas voltar a subir e ter de escolher obrigar-me-ia a demoras. Foi quando vi alinhadas umas tantas garrafas de Foral de Évora. Não esperei mais.
Este é um tinto bem macio onde domina uma fruta vermelha suave e algumas notas vegetais. Está lá o Alentejo e, felizmente, há diferença face à multidão. De reparo só tenho a apontar a nota do álcool, ainda que ligeira, apesar do vinho ter sido servido abaixo dos 18 graus. Contudo, simpatizei muito.

Região: Alentejo (Évora)
Produtor: Fundação Eugénio de Almeida
Teor alcoólico: 14%
Nota: 6/10

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Miolo Seleção 2004

Este foi o primeiro tinto brasileiro que bebi. Não fiquei rendido, não se trata duma especialidade rara, mas está bem longe de ser uma catástrofe. Escrevo isto porque o Brasil não é um país de tradição vitivinícola e porque existe na Europa algum complexo de «velho mundo», o qual assumo ter algum a circular na cabeça.
Este é um vinho bem equilibrado, com boa fruta e notas florais, muito fácil de se beber. Notei positivamente a ausência do travo a pimentão que se topa muitas vezes em vinhos com uvas cabernet sauvignon. Este tinto sai tranquilamente, vai bem com conversa. Bebi-o à conversa e pareceu-me demasiado magro para os gostos e hábitos portugueses, pelo que dificilmente acompanharia com competência a gastronomia portuguesa. Na verdade nem será suposto, pois é claramente um tinto internacional, feito com uvas cabernet sauvignon, merlot e pinot noir.

Região: Vale dos Vinhedos - Brasil
Produtor: Vinícola Miolo
Teor alcoólico: 12%
Nota: 5,5/10

Porta Fronha 2005

A marca deste tinto não lembra a ninguém: Porta Fronha! Ai, mãezinha!... Isto lembra «parto-te a fronha» - o que, para quem não sabe, quer dizer partir a cara. Não é bonito para marca. O rótulo, então, é outro desastre! Por que não foi uma empresa de design a elaborar a «fronha» da garrafa? É inacreditável o amadorismo que ainda existe no sector vinícola português. Bem, mas se o rótulo é péssimo e o nome impensável, o que se pode dizer do vinho, que afinal é o que interessa? Tem uma qualidade inversamente proporcional à vestimenta e à designação.
Quando me aconselharam este vinho recusei-o com o argumento primário do rótulo. Aconselharam-me inúmeras vezes e afastei-o sempre por via do nome ou da etiqueta. Contudo, um dia cedi por estar fartinho da insistência da Mafalda Santos, que além de imensa simpatia e competência, sempre me tem dado boas provas, tal como o pai.
Levei a garrafa e abri-a. Tem boa fruta e notas vegetais, com taninos presentes. Gostei. Gostei bastante. Penso que estará melhor dentro de uns anos, não muitos. Por isso comprei mais umas para ver como estarão daqui por uns tempos.

Região: Dão
Produtor: Quinta da Vegia Sociedade Agrícola
Teor alcoólico: 12,5%
Nota: 6,5/10

Visconde de Borba Reserva 2003

Há muito tempo que um tinto alentejano não me marcava tanto. O que não é necessariamente bom...
Quando cheirei a rolha não gostei. Quando levei o copo a nariz gostei ainda menos. Quando levei o vinho à boca... minha Nossa Senhora! Que enjoo! Calei-me, caladinho e escondi as emoções. Servi o vinho as restantes convivas. Primeiro espantou-se um, depois outro e outro e outro. O problema não era meu. Ninguém ficou indiferente. Este vinho era escusado, uma dôr de cabeça. O nariz agoniou-se com o odor a cabedal que se sobrepõe a uma fina película floral. Na boca mantém-se a pele curtida, madeira e fumo... tudo excessivo.
Informei-me, mais tarde, com um profissional do ramo: é estilo. Parece que há quem goste do género...
(JB)

Região: Alentejo
Produtor: Marcolino Sêbo
Nota JB: 2/10
Nota PR: 2/10

quinta-feira, janeiro 04, 2007

CARM Grande Reserva 2004

Este foi o meu tinto da refeição de final de ano. Este vinho foi uma belíssima revelação, apesar da Casa Agrícola Reboredo Madeira já habituar a rigor e qualidade. Este tinto é equilibradíssimo e muito elegante. Tem tudo aquilo que se procura num vinho duriense, tem o carácter da região, mas ultrapassa a marca da denominação pela sua subtileza e finura.

Região: Douro
Produtor: CARM - Casa Agrícola Reboredo Madeira
Teor alcoólico: 14%
Nota: 8/10